A primeira tragédia, aconteceu três dias depois de cá ter chegado, quando fomos jantar com alguns familiares. (Para quem não sabe, os chineses não se contentam com um prato de comida para cada um. Mandam vir uma data deles que são partilhados por todos os comensais). Adiante, no tal jantar, uma das “iguarias” que chegou à mesa consistia num recipiente com camarões crus, a boiar em agua… assim com aquela cor cinzenta que os bichos têm antes de serem cozidos, estão a ver? Assim que vi aquilo, fiquei logo sem apetite mas, para não ficar com fama de picuinhas vinda dos confins da Europa, lá fiz o sacrifício de engolir dois ou três, que uma tia do Ricky, prontamente, me descascou. Acreditem que foi muito mau. Aquilo parecia pastilha elástica e tive que me controlar muito para não me vomitar toda. Mas calma, a desgraça não acabou aqui. A certa altura, reparei que o Ricky estava a lutar com um dos bichos, para o descascar, e perguntei-lhe, no gozo, “então, mas o bicho está vivo ou quê? Mal acabei de falar, ele arrancou a cabeça ao bicho, a cabeça caiu na mesa e, para meu grande horror, não parava de se mexer! Só nessa altura é que percebi que, sim, os camarões não estavam somente crus mas vivinhos da silva!!!! Só sei que deixei de me preocupar com as aparências, não consegui controlar os gritos.
A segunda experiência, infeliz, aconteceu quando fomos jantar a um restaurante de grelhados. Assim que lá chegámos, deparei-me com uma cena muito triste. À porta do restaurante, estavam dois carneiros, amarrados pelos chifres. Os pobrezinhos nem se podiam mexer!
Ao que parece, os Chineses levam muito a sério o conceito de ingredientes frescos. Foi horrível! Os bichos estavam com um ar tão choroso, dava para ver que sabiam perfeitamente o que lhes estava guardado. Enfim, enquanto lhes fazia umas festinhas na cabeça, prometi que não iria comer carneiro ao jantar… assim foi.
Sou completamente contra a manutenção de animais em condições destas e, só tenho pena de não ter uma quinta. Se assim fosse, podem ter a certeza que os teria raptado.
O terceiro, horrorzinho, aconteceu ontem, ao almoço. Em vez de dois carneiros, deparei-me com uns recipientes cheios de sapos, grandes e viscosos e, junto aos sapos, um martelo gigante. Não é preciso explicar para que servia o martelo, pois não?
Graças a deus, enquanto lá estive, não houve nenhum massacre “sapal”.
E pronto, é assim que uma pessoa enlouquece.