Wednesday, October 29, 2008

Cadeia alimentar :(

Posso revelar que já tive 3 experiências aterradoras com comida.

A primeira tragédia, aconteceu três dias depois de cá ter chegado, quando fomos jantar com alguns familiares. (Para quem não sabe, os chineses não se contentam com um prato de comida para cada um. Mandam vir uma data deles que são partilhados por todos os comensais). Adiante, no tal jantar, uma das “iguarias” que chegou à mesa consistia num recipiente com camarões crus, a boiar em agua… assim com aquela cor cinzenta que os bichos têm antes de serem cozidos, estão a ver? Assim que vi aquilo, fiquei logo sem apetite mas, para não ficar com fama de picuinhas vinda dos confins da Europa, lá fiz o sacrifício de engolir dois ou três, que uma tia do Ricky, prontamente, me descascou. Acreditem que foi muito mau. Aquilo parecia pastilha elástica e tive que me controlar muito para não me vomitar toda. Mas calma, a desgraça não acabou aqui. A certa altura, reparei que o Ricky estava a lutar com um dos bichos, para o descascar, e perguntei-lhe, no gozo, “então, mas o bicho está vivo ou quê? Mal acabei de falar, ele arrancou a cabeça ao bicho, a cabeça caiu na mesa e, para meu grande horror, não parava de se mexer! Só nessa altura é que percebi que, sim, os camarões não estavam somente crus mas vivinhos da silva!!!! Só sei que deixei de me preocupar com as aparências, não consegui controlar os gritos.

A segunda experiência, infeliz, aconteceu quando fomos jantar a um restaurante de grelhados. Assim que lá chegámos, deparei-me com uma cena muito triste. À porta do restaurante, estavam dois carneiros, amarrados pelos chifres. Os pobrezinhos nem se podiam mexer!
Ao que parece, os Chineses levam muito a sério o conceito de ingredientes frescos. Foi horrível! Os bichos estavam com um ar tão choroso, dava para ver que sabiam perfeitamente o que lhes estava guardado. Enfim, enquanto lhes fazia umas festinhas na cabeça, prometi que não iria comer carneiro ao jantar… assim foi.
Sou completamente contra a manutenção de animais em condições destas e, só tenho pena de não ter uma quinta. Se assim fosse, podem ter a certeza que os teria raptado.

O terceiro, horrorzinho, aconteceu ontem, ao almoço. Em vez de dois carneiros, deparei-me com uns recipientes cheios de sapos, grandes e viscosos e, junto aos sapos, um martelo gigante. Não é preciso explicar para que servia o martelo, pois não?
Graças a deus, enquanto lá estive, não houve nenhum massacre “sapal”.

E pronto, é assim que uma pessoa enlouquece.

Monday, October 27, 2008

A galinha da minha vizinha...

Numa ida às compras, sim, isto é o paraíso das compras, passei por com uma loja de vestidos tradicionais chineses e, na montra, à minha espera, estava o meu vestido de noiva. Decidi que tinha que ser aquele e lá fui experimentar. Entrei para a cabine de provas e, pouco depois, juntou-se a mim uma das funcionárias da loja, que achou que eu precisava de ajuda.
Coitadinha, foi uma emoção para ela. Primeiro, não estava preparada para ver a tatuagem que tenho nas costas, é um bocadinho gigante e, depois, nunca se tinha deparado com um corpo ocidental (as chinesas são todas muito magrinhas, muito a direito...o que eu as invejo). A miúda ficou completamente histérica e não parava de me apalpar o rabo, enquanto dizia ao Ricky que ele é um sortudo, que nunca tinha visto um corpo tão fantástico, um rabo tão saliente, blá, blá, blá. Enfim, no Ocidente chamamos-lhes curvas e eu até não me importava de perder um bocado das minhas.
Mas pronto, apesar de ter sido um episódio um bocado constrangedor, vim-me embora com um vestido bestial e, fiquei também a sentir-me um bocadinho mais bonita. ( Mas continuo a invejar a magreza das chinesas).

Museu

Pouco depois de ter chegado aqui, comprei um conjunto de postais com imagem de sítios interessantes para visitar. Um dos postais que me atraiu a atenção é o de um museu, construído num edifício que parece um palácio, com jardins maravilhosos. Foi amor à primeira vista. Para além de adorar museus, adorei aquele palácio que, com certeza, faria inveja a qualquer cinderela.
Assim sendo e, como o meu sogro é guia turístico, pedi-lhe para me levar lá. E não é que para meu espanto, ele me diz que o museu está vedado a estrangeiros! O quê? Interdito a estrangeiros? Pelos vistos é um museu militar e, como tal, tem informações que “não são para inglês ver”! Desta é que eu não estava à espera. É completamente absurdo! Ainda por cima, põe a imagem em postais turísticos com tradução em inglês, onde não se fala nesta interdição. Chinesices, pá!

Saturday, October 25, 2008

Primeiras Impressões


Vim esbarrar à cidade de Dalian, banhada pelo mar amarelo. É uma cidade pequena, dizem os locais. Pequena? Mas desde quando é que uma população de 6 milhões de habitantes é coisa pouca?
A cidade de Dalian fica no distrito de Liao Ning que, no conjunto, tem 40 milhões de habitantes. PFFFF! 40 milhões! 40 milhões não é nada, pá. É apenas 4 vezes maior que a população de Portugal!!
Como dá para perceber, estou bem longe do cenário romântico de uma vila nas montanhas, onde se cultiva arroz e se vai à pesca numa canoa.

Desde que aterrei aqui adquiri dois novos estatutos, o de rainha e o de celebridade. Rainha em casa, em família e, celebridade quando saio à rua. É impressionante! A família do Ricky faz tudo e mais alguma coisa por mim e só falta mesmo irem limpar-me o rabo quando vou a casa de banho (só falta mesmo isso porque, até quando quero ir tomar duche, a minha sogra vai logo a correr abrir-me a torneira). E mais, posso acrescentar que, no momento em que estou a escrever estas linhas, a boa senhora veio sentar-se ao meu lado e pôs-se a descascar-me nozes que, segundo o meu sogro, fazem bem ao cérebro. Alto lá! Mas isto foi alguma indirecta? Mas pronto, tive muita sorte com os meus sogros, são impecáveis. Não podia desejar melhor! Só tenho pena de não perceber o que eles dizem e ter que me contentar com o tradutor, manhoso, que é o Ricky. :)

Para além de rainha, como referi, na rua, sou uma celebridade. É detestável. Fica tudo a olhar para mim, tipo burro a olhar para um palácio. O problema é que não há muitos estrangeiros por estas bandas, muito menos, estrangeiras a casar com um chinês. Portanto, sou um alien e toda a gente acha que vale a pena parar de trabalhar, andar, comer, etc., para ficar a olhar para mim. (pronto, assim que acabei com as nozes, veio logo a minha sogra com uma laranja. Diz que faz bem à pele. Mau, mau, Maria). Outro aspecto menos positivo é o facto dos comerciantes tentarem chular-me por ser estrangeira. Apesar de estar sempre com o Ricky e de não andar, propriamente, a nadar em dinheiro, esta gente vê em mim uma oportunidade de negócio. Mas coitados, não têm muitas hipóteses comigo. Se há coisa que gosto é de regatear preços!

Bem-vindos à sequela das minhas parvoíces!

Pois é, se pensavam que com o fim de nomeiodosbifes se iam livrar de mim, estavam muito enganadinhos. Acontece que estou de volta, desta vez na China e com aventuras ainda mais parvas.

Aproveito a ocasião para pedir desculpa aos bifes que, afinal, não são assim tão racistas e tapadinhos como os pintei. Pensando bem, até são todos uns queridos! Sim, fiz esta descoberta passados 15 minutos de ter aterrado na Alemanha. (tive que fazer escala em Munique, quando vim para a china). Constatei que, comparados com os alemães, os ingleses são todos impecáveis e, passados 15 minutos de ter aterrado no aeroporto de Munique, já estava com saudades de Inglaterra. Nunca conheci pessoas tão mesquinhas e racistas, pá. Foi um pesadelo de 6 horas. Mas pronto, não vou entrar em pormenores que não interessam a ninguém.

Resta-me advertir que este blog poderá conter descrições traumáticas para os leitores mais jovens e, assim sendo, se tens menos de 98 anos, deverás solicitar supervisão paternal. (Depois não digam que não avisei).
Bem-vindos à China, espero que apreciem a viagem!